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Análise: colonização desestruturou mentalidade de africanos com padrões que ainda geram exclusão

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Análise: colonização desestruturou mentalidade de africanos com padrões que ainda geram exclusão

Análise: colonização desestruturou mentalidade de africanos com padrões que ainda geram exclusão

Sputnik Brasil

A crescente onda de perseguições a minorias no continente africano tem chamado atenção da comunidade internacional, especialmente por sua ligação com fatores… 11.04.2025, Sputnik Brasil

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Para entender melhor esse cenário complexo e suas raízes históricas, o podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, conversou com especialistas. Segundo a professora Carolina Ferreira Galdino, docente de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), esse tipo de perseguição tem se intensificado nos últimos anos e afeta de forma mais severa países como Nigéria, República Democrática do Congo, Somália, Sudão do Sul, Líbia e Mali.Galdino ressalta que é fundamental entender que a África é um continente com 54 países, e que a dinâmica das minorias perseguidas varia conforme a região. A África Subsaariana, por exemplo, concentra grande parte das denúncias, com episódios de sequestros, assassinatos e deslocamentos forçados ligados ao extremismo religioso.A especialista também alertou para a limitada divulgação desses acontecimentos fora do continente, especialmente no Brasil. A atuação de ONGs e organizações internacionais é fundamental para difundir o que acontece na África, já que muitas vezes essas questões passam despercebidas nos meios de comunicação, lamentou.Heranças coloniais e discriminação internaDurante a entrevista, a professora abordou ainda os efeitos duradouros da colonização europeia, que, segundo ela, contribuíram para a fragmentação étnica, geográfica e cultural dos países africanos. Um exemplo citado foi o caso dos berberes no Marrocos, população nativa anterior à chegada dos árabes e da colonização francesa. De acordo com a professora, mesmo com políticas públicas e constituições que tentam proteger minorias, a mudança cultural é um processo lento que exige vontade política e educação.Não basta estar na Constituição. Muitas vezes, as ações afirmativas não são efetivamente implementadas. “É necessário promover políticas públicas distributivas e regulatórias que realmente protejam esses grupos”, enfatizou.Segundo o professor Otávio Luiz Vieira Pinto, especialista em história da África pela Universidade Federal do Paraná e coordenador do Grupo de Estudos Africanos e Asiáticos, os conflitos envolvendo minorias muitas vezes vão além da mera contagem numérica de populações.”Quando falamos de perseguição a minorias, estamos falando, essencialmente, de relações de poder”, afirmou.Um exemplo emblemático é o da África do Sul durante o regime do apartheid, em que a minoria branca detinha o poder político, apesar de ser numericamente inferior à população negra. Esse cenário se repete de formas distintas em outras partes do continente, com grupos étnicos e religiosos enfrentando violência, deslocamentos forçados e exclusão social.Casos preocupantesEntre os casos mais preocupantes estão os conflitos no Sudão e na Etiópia. No Sudão, a guerra civil e o histórico genocídio de Darfur deixaram marcas profundas. Grupos como os Nuba e os Fur, que não têm origem árabe, continuam sendo alvo de perseguições. Já na Etiópia, a região de Tigré foi palco, até 2022, de uma violenta escalada de conflitos envolvendo os Tigrínios e os Oromo, dois dos principais grupos étnicos do país, também frequentemente marginalizados, pontuou o analista ao podcast desta agência.A situação se complica ainda mais na Nigéria, onde tanto cristãos quanto muçulmanos sofrem com ações de grupos extremistas, como o Boko Haram e o braço africano da Al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários países). Segundo o professor Otávio, o país é um dos casos mais evidentes de perseguição religiosa com motivações político-territoriais.Outros grupos menos conhecidos, mas igualmente afetados, incluem os Baca e os Mbuti — popularmente chamados de forma pejorativa de “pigmeus” — na região central da África, e os Coiçã, ao sul, entre a Namíbia e a África do Sul. Esses povos, historicamente ligados à terra e à preservação ambiental, sofrem expulsões e agressões constantes.No norte da África, a situação do povo berbere — ou Amazigh — também revela traços de desprezo e exclusão, especialmente no Marrocos, conforme relata o professor. Apesar de serem muçulmanos e historicamente estabelecidos na região do Saara, os berberes enfrentam discriminação social e cultural.As potências coloniais impuseram fronteiras artificiais, estabeleceram hierarquias entre grupos étnicos e, posteriormente, promoveram uma identidade nacional que ignorava as complexidades locais. Isso gerou ressentimentos duradouros e instabilidade política que ainda molda o presente.A guerra civil, como fenômeno, é apontada por Vieira Pinto como o fator que mais agrava a perseguição de minorias. Ela catalisa problemas antigos — como disputas étnicas e religiosas — e os transforma em tragédias humanas. “A guerra civil é sempre o problema maior porque revela a ausência de uma autoridade política consolidada e intensifica a culpabilização de certos grupos.”

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A crescente onda de perseguições a minorias no continente africano tem chamado atenção da comunidade internacional, especialmente por sua ligação com fatores religiosos, étnicos e linguísticos. Em meio a conflitos internos, extremismos e heranças coloniais ainda presentes, populações inteiras enfrentam violações sistemáticas de direitos.

Para entender melhor esse cenário complexo e suas raízes históricas, o podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, conversou com especialistas.

Segundo a professora Carolina Ferreira Galdino, docente de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), esse tipo de perseguição tem se intensificado nos últimos anos e afeta de forma mais severa países como Nigéria, República Democrática do Congo, Somália, Sudão do Sul, Líbia e Mali.

“A maior atenção atualmente está voltada para a perseguição religiosa. Isso não quer dizer que as questões étnicas ou de gênero tenham desaparecido, mas a intensidade das violências motivadas pela religião tem chamado mais atenção“, explicou a professora.

Galdino ressalta que é fundamental entender que a África é um continente com 54 países, e que a dinâmica das minorias perseguidas varia conforme a região. A África Subsaariana, por exemplo, concentra grande parte das denúncias, com episódios de sequestros, assassinatos e deslocamentos forçados ligados ao extremismo religioso.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assina ordem executiva sobre Canadá e México com a réplica da taça da Copa do Mundo ao fundo. Washington, D.C., EUA, 4 de fevereiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 02.04.2025

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A especialista também alertou para a limitada divulgação desses acontecimentos fora do continente, especialmente no Brasil. A atuação de ONGs e organizações internacionais é fundamental para difundir o que acontece na África, já que muitas vezes essas questões passam despercebidas nos meios de comunicação, lamentou.

Heranças coloniais e discriminação interna

Durante a entrevista, a professora abordou ainda os efeitos duradouros da colonização europeia, que, segundo ela, contribuíram para a fragmentação étnica, geográfica e cultural dos países africanos.

“A colonização não foi apenas física ou econômica, mas também psicológica. Ela desestruturou a mentalidade dos povos africanos e impôs padrões que ainda hoje geram discriminação e exclusão”, afirmou.

Um exemplo citado foi o caso dos berberes no Marrocos, população nativa anterior à chegada dos árabes e da colonização francesa. De acordo com a professora, mesmo com políticas públicas e constituições que tentam proteger minorias, a mudança cultural é um processo lento que exige vontade política e educação.

Não basta estar na Constituição. Muitas vezes, as ações afirmativas não são efetivamente implementadas. “É necessário promover políticas públicas distributivas e regulatórias que realmente protejam esses grupos“, enfatizou.

Segundo o professor Otávio Luiz Vieira Pinto, especialista em história da África pela Universidade Federal do Paraná e coordenador do Grupo de Estudos Africanos e Asiáticos, os conflitos envolvendo minorias muitas vezes vão além da mera contagem numérica de populações.

“Quando falamos de perseguição a minorias, estamos falando, essencialmente, de relações de poder“, afirmou.

Sul-africanos brancos se manifestam em apoio ao presidente dos EUA, Donald Trump, em frente à embaixada dos EUA em Pretória, África do Sul,15 de fevereiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 21.03.2025

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Um exemplo emblemático é o da África do Sul durante o regime do apartheid, em que a minoria branca detinha o poder político, apesar de ser numericamente inferior à população negra. Esse cenário se repete de formas distintas em outras partes do continente, com grupos étnicos e religiosos enfrentando violência, deslocamentos forçados e exclusão social.

Entre os casos mais preocupantes estão os conflitos no Sudão e na Etiópia. No Sudão, a guerra civil e o histórico genocídio de Darfur deixaram marcas profundas. Grupos como os Nuba e os Fur, que não têm origem árabe, continuam sendo alvo de perseguições. Já na Etiópia, a região de Tigré foi palco, até 2022, de uma violenta escalada de conflitos envolvendo os Tigrínios e os Oromo, dois dos principais grupos étnicos do país, também frequentemente marginalizados, pontuou o analista ao podcast desta agência.

A situação se complica ainda mais na Nigéria, onde tanto cristãos quanto muçulmanos sofrem com ações de grupos extremistas, como o Boko Haram e o braço africano da Al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários países). Segundo o professor Otávio, o país é um dos casos mais evidentes de perseguição religiosa com motivações político-territoriais.

Outros grupos menos conhecidos, mas igualmente afetados, incluem os Baca e os Mbuti — popularmente chamados de forma pejorativa de “pigmeus” — na região central da África, e os Coiçã, ao sul, entre a Namíbia e a África do Sul. Esses povos, historicamente ligados à terra e à preservação ambiental, sofrem expulsões e agressões constantes.

No norte da África, a situação do povo berbere — ou Amazigh — também revela traços de desprezo e exclusão, especialmente no Marrocos, conforme relata o professor. Apesar de serem muçulmanos e historicamente estabelecidos na região do Saara, os berberes enfrentam discriminação social e cultural.

Segundo o historiador, as raízes desses conflitos remontam ao período colonial. “A própria existência de minorias étnicas e religiosas hoje é fruto direto das consequências do colonialismo“, pontua.

As potências coloniais impuseram fronteiras artificiais, estabeleceram hierarquias entre grupos étnicos e, posteriormente, promoveram uma identidade nacional que ignorava as complexidades locais. Isso gerou ressentimentos duradouros e instabilidade política que ainda molda o presente.

A guerra civil, como fenômeno, é apontada por Vieira Pinto como o fator que mais agrava a perseguição de minorias. Ela catalisa problemas antigos — como disputas étnicas e religiosas — e os transforma em tragédias humanas.

“A guerra civil é sempre o problema maior porque revela a ausência de uma autoridade política consolidada e intensifica a culpabilização de certos grupos.”

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Fonte: noticiabrasil.net.br

Publicado em: 2025-04-11 20:05:00 | Autor: |

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