O multiartista baiano Nando Zâmbia lançará o projeto ELEGBAPHO – Território Afrocênico de Celebração Negra, na próxima quarta-feira (09/04/2025), a partir das 18 horas, na Casa do Benin, em Salvador. A iniciativa integra as ações do programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024 e propõe um espaço de trocas artísticas e reflexão a partir da experiência da população negra no Brasil durante a Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O projeto reúne artistas e pesquisadores negros em atividades que combinam discussões, performances e partilhas culturais, com o objetivo de nutrir a dramaturgia do novo espetáculo de Zâmbia. Participam do lançamento nomes como o ator Sulivã Bispo, a coreógrafa Tania Bispo e o diretor musical Jarbas Bittencourt, acompanhado dos musicistas Talita Felícia e Jarder Ryan. A abertura do evento será realizada pelo Ogan Domingos Okanlewá, pesquisador do culto a Exu.
A proposta do projeto parte do questionamento sobre quais transformações ocorreram para a população negra durante os anos da Década Internacional dos Afrodescendentes. Segundo Nando Zâmbia, o foco está tanto na resistência quanto na celebração como prática fundamental de continuidade cultural. O artista afirma que a ausência da celebração representa também perda de referências e sentidos simbólicos importantes, e que celebrar é uma exigência espiritual dentro da tradição afro-brasileira.
ELEGBAPHO articula elementos do Teatro Preto de Candomblé, linguagem cênica desenvolvida por Zâmbia em parceria com a dramaturga e doutora em Teatro Onisajé, que atua no projeto como consultora de dramaturgia. O nome do projeto une os termos “Elegbara” — orixá de cabeça do artista — e “Bapho”, palavra presente na linguagem Pajubá, usada por comunidades LGBTQIAPN+. A junção propõe um território simbólico que conecta espiritualidade, arte e identidade.
Além do evento de lançamento, o projeto realizará outras ações em Salvador durante o mês de maio de 2025, promovendo encontros com artistas, pensadores e expoentes das culturas negras. A proposta visa integrar práticas de celebração e memória em experiências cênicas e formativas.
Nando Zâmbia é ator, iluminador e produtor cultural. Já foi indicado ao Prêmio Braskem de Teatro, circulou internacionalmente com o solo “Irumalé Ayê – Divindades na Terra”, e compôs o elenco de montagens como “Sirê Obá – A Festa do Rei” e “Oxum”, do repertório do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). No audiovisual, dirigiu obras como “Gbagbe – Árvore do Esquecimento” e “Comida de Terreiro – Alimento por Inteiro”. Como iluminador, assinou trabalhos no Brasil e em Portugal, e na área de gestão cultural, coordenou o projeto Escolas Culturais da Bahia e atuou como curador-provocador do BDMG Cultural, em Minas Gerais.
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Fonte: jornalgrandebahia.com.br
Publicado em: 2025-04-08 12:00:00 | Autor: Redação do Jornal Grande Bahia |